segunda-feira, 2 de maio de 2016

Revival

Senti a tristeza entrar por cada via do meu corpo, transformar-se até ser lágrima e sair mais uma vez. Na minha frente encontrava-se uma mulher, sempre calma, o olhar sereno que parecia ler cada palavra dos meus pensamentos. As mãos dela segurando as minhas como uma mãe segura as mãos do filho para acalmá-lo. E na verdade ela havia sido realmente uma mãe pra mim durante aquele ano e meio. 

"Você precisa deixar ele ir, precisa seguir em frente"

As palavras dela bateram em mim como um tapa. Olhei para o lado e vi aquele que havia sido o motivo dos meus sorrisos, agora fazendo outro sorrir. Chorei e deixei tudo ir, sem remorso. Talvez fosse aquilo que eu precisava para continuar minha vida, conversar com minha antiga sogra, que um dia fora minha mãe.

Subi o morro ainda chorando, a dor no peito acabava comigo, mas nada era pior do que a falta de ar. Tudo que eu queria era sair dali, daquele sofrimento, daquela visão, perder memórias de algo - que por mais que um dia tenha sido maravilhoso - hoje me matava, atormentava. Então olhei para trás, uma última checada no momento de felicidade de outras pessoas, que um dia foram minha felicidade.

Minha gata apareceu ao meu lado, Nyx, como a deusa da noite. Ela me encarou e eu acenei para ela, estava pronto para sair dali. O portal se abriu, era como o universo, cheio de estrelas e galáxias, infinito por dentro, mas ali era apenas uma mancha distorcida da minha realidade. Juntos entramos no portal, ela flutuando, eu de asas abertas. 

Acordei na minha cama, ainda mergulhado em tristeza. Viajar pelos sonhos é sempre uma aventura, as vezes divertida, outras, como essa, nem tanto. Mas servia de aprendizado. Olhar nos olhos de alguém, ouvir palavras fortes, ver coisas que você não gosta, tudo aquilo significava algo. E no fundo eu sabia que aquilo tudo era eu tentando passar um recado para mim mesmo. Foi quando eu decidi que precisava fazer um feitiço.

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