quinta-feira, 12 de março de 2015

Perfume

Pela primeira vez na minha vida eu visitei uma biblioteca e utilizei de seus recursos. Fiquei encantado com o ambiente, não somente por amar livros, mas porque talvez eu tenha visualizado um lado não consumista deles que eu nunca tinha reparado. De tudo que eu já li, poucos foram os livros que não se destacaram como best sellers, escritos para serem produzidos em grandes escalas e não criando reflexões ou questionamentos dentro do leitor. Não que eu ache que isso seja uma coisa absolutamente ruim, afinal, o escritor deve sobreviver de alguma maneira. Entretanto, o meu mestre Jones vem me apresentando um novo mundo literário que me agrada muito.

Minhas novas leituras estão me trazendo novas maneiras de ver o mundo, as pessoas e a mim mesmo (estou em dúvida sobre a gramática dessa frase). Não que eu não soubesse disso, mas eu sou muito medroso, é coisa do tipo 6 de acordo com o eneagrama, e eu sempre me vi como um covarde por causa disso. Talvez esse meu problema tenha desenvolvido a partir de situações da minha infância um tanto quanto complicadas, o que me deixou com essa espécie de alerta para o mundo. Acontece que no ano passado eu comecei um trabalho de utilizar a minha insegurança como uma forma de proteção, de maneira que eu sempre estar atento ao que acontecia me deixava preparado para determinados momentos. 

Até aí esse meu medo pode ser considerado saudável, digamos assim. Porém, o que fazer quando o medo te impedir de fazer as coisas? Conversando com minha chefe, conselheira e professora Michelle Obama eu pude chegar, com a ajuda dela, em uma conclusão: Nunca se está completamente livre de pesadelos. Essas coisas que te seguram, que te prendem com um terrível frio na barriga, por mais que você vença a que está te atrapalhando agora, sempre virá outra no futuro e mesmo que você consiga lidar com elas nesse momento, isso não significa que no futuro você vai conseguir novamente. 

Alguns desses meus medos serão vencidos, sim. Foi lendo o livro "O Casaco de Pupa", da Elena Ferrandiz, que eu percebi que uma hora deixaremos nossos principais temores e seremos livres, mas não totalmente. Por toda a nossa vida vamos enfrentar coisas amedrontadoras, isso é de se esperar, só devemos decidir se vamos enfrentá-las ou conviver com elas. Porém se isso é uma parte de mim, eu deveria mesmo deixá-la de lado? Afinal, tudo que faz parte de mim resulta no que eu sou. 

De vem em quando algumas pessoas dizem para outras serem de um jeito ou de outro. Porém, na minha concepção e pelo visto também na da Michelle, não devemos abandonar quem nós somos e as pessoas que devem aceitar e parar de querer mudar todo mundo. Daí vem o título disso aqui. Um perfume é a combinação de várias substâncias, e muitos deles tem as mesmas que um outro, porém com algo a mais ou a menos, ou seja, ao acrescentar ou retirar algum fator, todo o resultado é alterado. 
"Mas o que mais me encanta no perfume é que o psicológico pode afetar o que você sente. Eu amo o perfume do Otávio, por exemplo, e às vezes eu sinto o cheiro dele quando ninguém está sentindo, no nada. Isso acontece porque meu cérebro já está acostumado a captar aquelas substâncias"

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