terça-feira, 7 de junho de 2016

Retorno

Mais uma vez fui iludido com uma sensação de liberdade. Pensei que finalmente estivesse fora do labirinto, que o Mar tinha me deixado seguro em suas ondas, mas estava enganado. Não existe saída do labirinto se não a morte, todos estamos presos nele pela eternidade, perdidos, buscando uma maneira de sobreviver às paredes criadas por nós mesmos.

Agora, de volta ao labirinto as coisas parecem muito pequenas, apertadas, escuras. No Mar tudo era vasto, grandioso, bonito. Escorei em uma parede e me permiti sentir tudo, tristeza, arrependimento, raiva. Todas as minhas emoções pareciam um turbilhão dentro de mim, lutando uma contra as outras, querendo saber quem me assumiria. A raiva venceu.

Naquele momento ficou tudo tão... inconsciente. Eu não tinha controle do que estava fazendo, tudo saía de mim ininterruptamente, todas as coisas que eu queria dizer, sem filtro. Acabei descontando minha dor em invasores, pessoas que estavam ali me atormentando quando eu só queria paz. Não que eles não merecessem, mas talvez eu teria sido menos agressivo se estivesse são. 

Quando tudo passou me peguei tremendo, deitado no chão frio e de asas encolhidas. Não queria ter sentido tanta raiva, não queria perder o controle, mas era tanta coisa acontecendo e me atormentando. Me levantei, sério. Não sentia mais nada agora, estava tudo vazio. "Chega", pensei, "chega de pessoas no meu labirinto, a partir de agora ele está fechado". Por que deixar outros entrarem, se eles podem ir e vir, sendo que eu viverei aqui pra sempre? Verei todos partindo, me deixando, por qual razão?

O Mar me tirou dali, apenas para me devolver depois. O Sol me aqueceu, para depois me queimar com sua frieza. O Anjo eu expulsei, foi para o bem dele. E quanto à Irlanda, ela estava ali, como sempre, nunca saía do labirinto, mas dessa vez estava de fronteiras abertas, queria me ajudar. Contudo, não quis entrar, eu só me sentei no arco íris que nos separava e conversei com as criaturas que viviam la.





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